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terça-feira, 17 de maio de 2011

Acidentes são frequentes em áreas urbanas das rodovias
Publicação: 08 de Maio de 2011 às 00:00
VALDIR JULIÃO - Repórter

Com 1.511 quilômetros de sete rodovias federais (BRs) cortando o Rio Grande de Norte, de Leste a Oeste e de Norte a Sul, os trechos urbanos em Natal são os que apresentam o maior número de acidentes, segundo dados do Departamento de Polícia Rodoviária Federal (DPRF). Isoladamente, o km 95 da BR 101, localizado nas imediações dos dois túneis do Complexo Viário do 4º Centenário (em frente ao campus universitário da UFRN) do edifício Jacumã, é o recordista de acidentes de trânsito em 2010. Foram 103 com 123 pessoas feridas, superando as marcas dos três anos anteriores.
Trechos urbanos da BR 101, na entrada de Natal, são perigososFelizmente, nenhuma morte morte resultou das ocorrências no ano passado, mas o trecho vem ficando cada vez mais perigoso, como mostram os registros do DPRF. Em 2009, foram 77 ocorrências de acidentes ; em 2008, 65 e em 2007, 33. Ampliando o trecho pesquisado na BR 101, do Complexo do 4º Centenário até o entroncamento com a RN-063 (Rota do So), em Ponta Negra, o número de acidentes na rodovia chega a 224.
Inspetor da Polícia Rodoviária Federal, Everaldo Morais diz que o número de acidentes é proporcional ao crescimento do número de veículos que entra em circulação no Rio Grande do Norte. Segundo o Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RN) em 2007 havia 576.588 veículos circulando no Rio Grande do Norte, mas até 1º de maio de 2011, esse número saltou para 809.348 veículos, um aumento da frota de 40,37% em apenas cinco anos.
Mesmo com o crescimento da violência no trânsito, o inspetor Everaldo Morais explicou que a maioria dos acidentes no trânsito são colisões traseiras ocorridas em locais como o acesso à avenida Maria Lacerda Montenegro e em frente ao Cidade Satélite, onde os carros saem e têm de pegar a BR-101 para o interior ou então retornar para Natal.
Colisões traseiras podem ser fatais. Esse tipo de acidente resultou em 13 mortos no ano passado, mesmo número de 2009, além de seis mortes em 2008 e cinco em 2007. Só para se ter uma idéia, no ano passado ocorreram 3.876 acidentes nas estradas federais do Rio Grande do Norte, sendo que 1.143 foram de colisões traseiras.
Outro detalhe com relação ao número de mortes, é que a maioria dos casos é de atropelamentos, que cresceu assustadoramente em 2010. Segundo os dados do DPFR, nesse ano morreram 52 pessoas atropeladas, enquanto que em 2009 morreram 34 pessoas. As colisões frontais, que não são em grande número (43 no ano passado) são a segunda maior causa de acidentes com mortes, 43 em 2010, o dobro das mortes registradas no ano anterior.
Segundo Morais, embora na área urbana de Natal esteja concentrado o maior número de acidentes, é no interior “que ocorrem os acidentes mais violentos” por conta da velocidade dos veículos, que é muito maior e em virtude das colisões frontais.
Mais obras de engenharia diminuiriam os registros
As estatísticas de acidentes de trânsito no Rio Grande do Norte seguem a tendência de crescimento verificada na maioria dos Estados do Brasil. A variação nos registros locais é de 38,40% a mais no número de mortes nas estradas federais no ano passado, quando 173 pessoas perderam a vida. Em 2009 esse número foi de 145 mortes (em 2008 foram 141 e em 2007 foram 148).
Embora as condições das rodovias federais no Rio Grande do Norte estejam em boas condições, em sua maior parte, o chefe do Setor de Comunicação Social da Superintendência Regional da Polícia Rodoviária Federal, inspetor Everaldo Morais, disse que muitas dessas mortes e de feridos em acidentes poderiam ser evitadas com “a execução de intervenções de engenharia de trânsito” ou de uma política de transporte de massa, com a finalidade de diminuir o número de veículos circulando em áreas urbanas, principalmente.
Everaldo Morais esclarece que não é uma atribuição do DPRF fazer intervenções de engenharia em vias públicas, mas disse que, comumente, a PRF envia relatório ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) com informações sobre as causas de acidentes e “propondo modificações que julgam necessárias”.
No entanto, pondera o inspetor Morais, algumas obras “não dão voto”, como sugere ele com relação a uma política de transporte de massa na Região Metropolitana de Natal (RMN), que poderia utilizar, por exemplo, as marginais da BR-101 para desafogar o trânsito da Grande Natal e ainda transportar milhares de pessoas de outras cidades que vêm para a capital.
Afora a falha humana, pois os motoristas também não têm paciência de fazer a manobra em momento não arriscado, as filas duplas e até tripla no cruzamento do semáforo da Cidade Satélite, as chamadas “agulhas”, saídas das marginais para a BR, contribuem para o crescimento do número de acidentes.
Segundo Morais, naquela área uma alternativa seria a construção de uma passagem de nível – túnel ou viaduto – para dar mais fluidez ao trânsito e evitar acidentes. Outra obra que ele considera importante é duplicação da BR-304, entre Macaíba e a chamada Reta Tabajara, porque aquele trecho “em pista simples” é sobreposto a BR-226, pegando o trânsito de veículos que vem da segunda maior cidade do Estado e ainda do Ceará, juntando com os carros que vêm da região do Seridó e do Trairi e parte da Paraíba.
“No feriadão da Semana Santa houve dez acidentes na BR-304 entre Mossoró e Natal, 40% foram só naquele trecho”, enfatizou Morais, para argumentar que a ocorrência de acidentes está aliada “a uma série de fatores”, inclusive “a questão cultura e a falta de educação no trânsito” da parte de muitos motoristas.
Dnit vai fazer levantamento
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) fechou um convênio com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) para identificar e mapear os trechos críticos das rodoviais federais espalhadas pelo Brasil. Por essa razão, o superintendente regional substituto do Dnit, José Antoniel Campos Feitosa, já mandou ofício ao superintendente da Polícia Rodoviária Federal no Estado, Francisco Charles Lindemberg Margalhães Pires, informando que o engenheiro civil Izanael Batista Gomes Júnior foi designado para proceder o mapeamento de pontos críticos nas BRs do Rio Grande do Norte.
No ofício datado do dia 27 de abril para a PRF, a Superintendência Regional do Dnit diz que a ação a ser realizada tem como fim a obtenção de dados para o trabalho”Elaboração de Ações Preventivas e Corretivas de Segurança Rodoviária por meio de Identificação e Mapeamento dos Segmentos Críticos da Malha Viária do Dnit”.Para tanto, José Feitosa explicava no documento, que a fim de alimentar o sistema que foi concebido com as informações devidas, “faz-se necessário o acesso aos Boletins de Ocorrência originados no DPRF”.
* Tribuna do Norte

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