Trânsito Pau dos Ferros

Policiais acusados de matar patrulheiro são absolvidos

Três policiais militares acusados de assassinarem a tiros um patrulheiro aposentado da Polícia Rodoviária Federal (PRF), durante uma abordagem errada, foram absolvidos, após 12 horas de julgamento, iniciado na manhã de ontem e só concluído por volta das 21h.
Wallace Tavares dos Santos, 47, Paulo César da Silva, 30, e Severino Santana Filho, 33, são apontados como autores do homicídio de Pedro Lúcio dos Santos, assassinado no dia 26 de fevereiro de 2002, em uma estrada carroçável na zona rural de Mossoró, quando voltava para casa na companhia da esposa.
Durante todo o dia de ontem o promotor Ítalo Moreira Martins e os advogados de defesa Gilmar Fernandes de Queiroz, João Saldanha e Francisco de Assis, travaram uma verdadeira batalha judicial para tentar sensibilizar os jurados para chegar uma decisão. Diversas contradições marcam o depoimento dos acusados levados a júri popular no Fórum Municipal Desembargador Silveira Martins. Por ser um caso complexo, muitas divergências das informações técnicas e testemunhais estenderam o julgamento por incansáveis horas.
Primeiro foram ouvidas as versões das testemunhas, todos policiais militares do 2º BPM que relataram tudo o que sabiam sobre a operação que desencadeou na morte do patrulheiro. Em seguida cada réu, individualmente e sem a presença dos outros, falou sobre o caso. Wallace Tavares foi o primeiro a depor. Na época do ocorrido era o comandante da guarnição do então Grupo Tático de Combate (GTC). Em segundo, o policial Severino Santana Filho e por último o soldado Paulo César.
Após os réus serem ouvidos, foi a vez do promotor Ítalo Moreira, que mostrou as contradições apresentadas pelos réus, possíveis falhas nas perícias e erros cometidos pelo comandante da guarnição Wallace Tavares, no dia da operação. Para o promotor, o caso trata-se de homicídio simples com dolo eventual, quando o autor assume o risco de produzir a morte de alguém. Depois da fala da defesa foi iniciado o debate.
Entenda o caso
Ação policial que resultou na morte do patrulheiro Pedro Lúcio dos Santos começou na tarde do dia 26 de fevereiro de 2002, quando dois elementos armados de pistolas tomaram de assalto um Palio de cor cinza e placa MYQ-8034, pertencente ao Hotel Thermas, que estava com um funcionário.
Na oportunidade, o funcionário Everaldo Alencar Pereira, saía do Oásis Shopping, no centro da cidade, quando foi abordado pela dupla, que levou o veículo. Após o delito, os elementos saíram com destino a BR-405, sendo perseguidos por uma guarnição do então Grupo Tático de Combate (GTC).
Os marginais em determinado momento abandonaram o veículo após rodar vários quilômetros com o pneu dianteiro furado. Moradores da região disseram à polícia que a dupla havia fugido a pé e estava escondida nas proximidades.
Foi montada uma barreira numa estrada carroçável, nas imediações do sítio Pedra Branca. No mesmo instante, Pedro Lúcio retornava da sua fazenda, no sítio Chafariz, e ao avistar os policiais pensou se tratar de assaltantes e apagou as luzes do seu veículo, uma picape Fiorino cinza, de placa MZI-0017/Pau dos Ferros.
Quando os policiais avistaram o carro com os faróis apagados, começaram atirar e a vítima foi atingida por dois tiros de pistola 380. Pedro Lúcio ainda foi conduzido ao HRTM, mas não resistiu e morreu. A esposa do patrulheiro, Zeni Santos, que viajava com o marido, nada sofreu e passou a ser a principal testemunha do crime.
Os policiais responsáveis pelos tiros foram identificados e afastados das suas funções e agora levados a julgamento.
* O mossoroense