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domingo, 10 de abril de 2011

SP: Com polícia mais rápida, cresce número de mortes em confrontos, diz secretário

SÃO PAULO - No ano passado, 495 pessoas foram mortas em São Paulo em confrontos com a Polícia Militar. Isso significa que a PM matou o equivalente a 1,35 pessoa por dia. O número de mortes é menor que o registrado em 2009, quando o número de óbitos chegou a 524, porém, é igual ao do ano de 2006, quando o estado viveu situação de caos na segurança pública com a onda de ataques da facção criminosa que atua nos presídios paulistas.

Em entrevista ao GLOBO, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Antônio Ferreira Pinto, justifica que o número de mortes aumentou porque a criminalidade cresceu no estado e há mais policiais nas ruas hoje. Além disso, a polícia está mais rápida e chega, segundo ele, em três minutos para atender uma ocorrência, o que aumenta a chance de confrontos.

- Não tínhamos antes o mapeamento do crime como hoje. A polícia chega em três minutos numa ocorrência, e não mais em dez, e a eminência de um confronto é maior, como por exemplo, num assalto a banco. Os policias estão mais bem treinados, são bons atiradores. Logo, é natural que haja menos policiais mortos nesses casos de resistência - afirma o secretário.

Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública, nos últimos cinco anos a Polícia Militar matou 2,2 mil pessoas. Em 2008, as estatísticas apontam 371 mortes e em 2007, 377. Nessa semana, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou que as investigações de casos de resistências seguidas de morte passarão a ser feitas pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil. Alckmin admitiu que a decisão foi tomada após a divulgação da execução ocorrida em um cemitério de Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo. O caso foi relatado ao telefone 190 por uma mulher, que viu policiais militares executarem um homem a tiros. A mulher deu detalhes à polícia, inclusive com a placa da viatura, e os dois PMs foram identificados e estão presos. Segundo a Secretaria, 65,8% dos homicídios ocorridos na cidade de São Paulo foram esclarecidos pelo DHPP. O secretário avalia que os casos serão melhores investigados agora com o DHPP.

- Essas ocorrências vão ficar em um departamento com equipe especializada, que tem de peritos a papiloscopistas (policial especializado em trabalhar com identificação) e muito mais recurso para investigar do que um distrito em um bairro mais afastado - diz Ferreira Pinto.

Para Carolina Ricardo, coordenadora do Instituto Sou da Paz, ONG que combate a violência urbana em São Paulo, é preciso explicar o motivo do crescimento do números de mortes em 2009 e no ano passado, após dois anos de queda (2007 e 2008).

- Em 2006, aconteceram os ataques da facção criminosa. Depois, houve queda. E agora, há um aumento. É difícil explicar esse crescimento porque faltam transparência e análise por parte da Secretaria de Segurança Pública.

A polícia e a Secretaria precisam ser capazes de analisar os dados que produzem e os contextos em que essas mortes acontecem. Polícia eficiente não é a que mata, e sim a que prende e preserva vidas - afirma Carolina.

Ferreira Pinto rebate as críticas e afirma que não tem interesse em minimizar a má ação do policial militar ou mascarar dados.

- Estamos tomando todas as medidas para que esses confrontos possam ocorrer somente em situações necessárias. Se houve execução por ação abusiva de um policial, os comandantes do batalhão e da companhia também são afastados. Um comandante tem que liderar, ser perspicaz para saber quando um policial não pode trabalhar na rua e fazer a tropa agir no dever legal. Casos como esse (Ferraz de Vasconcelos) denigrem a polícia - declara o secretário.

No ano passado, 213 policiais militares foram demitidos ou expulsos da corporação. Em 2009, o número chegou a 239. E foi maior em 2008, com 293 militares expulsos ou demitidos. Os policiais militares são treinados para que atirem só em último caso, de acordo com a polícia. Ainda segundo a polícia, do total de infratores que entraram em confronto com a PM em 2010, 17% morreram.

* O Globo

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