Preço do etanol chega a R$ 2,19
Influenciado pela entressafra da cana-de-açúcar, o preço do etanol comercializado em Natal tem subido ao longo desta semana e em alguns postos da cidade o litro do combustível já pode ser encontrado por R$ 2,19, enquanto até a sexta-feira passada o valor máximo era R$ 1,99. Já a gasolina, que começou a ser produzida no estado em setembro do ano passado, não apresentou variação nesse período e a maioria dos postos de Natal cobra R$ 2,69 pelo litro do combustível.
Com os preços no atual patamar, o consumidor precisa calcular que combustível é mais vantajosoOs natalenses que possuem carro com motor tipo flex, que funciona tanto com gasolina quanto com etanol, precisam pesquisar bastante antes de abastecer com o combustível vegetal. Na capital do estado, o litro do etanol está sendo encontrado por valores entre R$ 1,95 e R$ 2,19. Considerando o preço máximo de R$ 1,99, que foi encontrado pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) - entre os dias 6 e 12 deste mês – e o maior preço praticado na tarde de ontem, o etanol sofreu um aumento de 10%, desde a sexta-feira passada.
Em pesquisa informal, realizada na tarde de ontem, a equipe de reportagem constatou que nos postos de Natal, o preço do etanol varia de R$ 1,95 a R$ 2,19. Além disso, muitos estabelecimentos modificaram os valores cobrados pelo combustível ao longo dos dois últimos dias. “O que nos informaram foi que a alta do etanol ocorreu por causa do período de entressafra da cana de açúcar, que começou em outubro e vai até o mês de março”, explica o gerente de um posto na zona Norte, José Eudes da Silva.
O levantamento mais recente da ANP mostra que o preço médio do litro da gasolina praticado nos postos de Natal era R$ 2,67, entre os dias 6 e 12 deste mês. No mesmo período, o litro do etanol nas bombas custava R$ 1,96.
Comparando os preços médios, o etanol não é vantajoso para o natalense. Isso porque a diferença é de 73% entre os valores e, de acordo com economistas, só há vantagem financeira em usar o etanol quando o combustível custa até 70% do preço cobrado pela gasolina. Além disso, se a relação apontar um resultado entre 69,50% e 70,50%, é considerada indiferente a utilização de etanol ou de gasolina.
O cálculo utilizado pra mostrar qual combustível é mais vantajoso, do ponto de vista financeiro, é feito considerando que o poder calorífico do motor movido a etanol é de 70% do poder daqueles à gasolina. Para fazer a conta, basta dividir o preço do álcool pelo da gasolina e multiplicar o resultado por 100. Se a resposta for até 0,70 (70%), é melhor abastecer com etanol. Se o número for superior a 0,70, vale mais a pena optar pela gasolina.
Governo Federal
Na tarde de ontem, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Wagner Rossi, afirmou que os ministérios da Agricultura, Fazenda e Meio Ambiente estão elaborando um quadro geral do setor sucroalcooleiro. O estudo interministerial será levado à presidenta Dilma Rousseff, visando a definição de uma política para o setor. “A variação muito forte dos preços do etanol gera uma dificuldade de fidelização da clientela e, ao mesmo tempo, preocupa o governo porque afeta as condições de oferta de combustível à população”, disse o ministro.
Rossi lembrou que nas últimas décadas, o Brasil criou o maior programa de combustível renovável do mundo e informou que os investimentos no setor sucroalcooleiro foram interrompidos com a crise econômica de 2008. “Isso gerou uma grande questão para o país, que é o problema de oferta. É preciso que haja condições para a retomada de investimentos. Essa é a grande chave para enfrentarmos a questão”, comentou.
Gasolina não cai com autossuficiência
O preço da gasolina não sofreu mudanças significativas, desde o segundo semestre do ano passado, apesar de o Rio Grande do Norte já ser autossuficiente na produção do combustível. De acordo com a Petrobras, a autossuficiência foi alcançada com a entrada em operação da planta de gasolina automotiva da Refinaria Potiguar Clara Camarão (RPCC), implantada no polo de Guamaré.
O mais recente levantamento da ANP constatou um preço médio de comercialização do combustível de R$ 2,67 em Natal. O órgão registrou também que, entre os dias 6 e 12 deste mês, o preço mínimo praticado era R$ 2,65 e o máximo, R$ 2,69.
Para o diretor do curso de engenharia de petróleo e gás da Universidade Potiguar (UnP), Oscar Gabriel, com a autossuficiência, seria razoável esperar uma queda no preço para o consumidor, já que a produção dentro do estado deve ter reduzido alguns custos. “Que melhorias a operação da refinaria traz para a sociedade? Apenas beneficiar o combustível dentro do Rio Grande do Norte não é vantagem nenhuma”, questiona.
Perguntada sobre a manutenção no preço da gasolina, a Petrobras informou que a maior parte do valor pago pelos consumidores diz respeito a impostos, bem como ao lucro das distribuidoras e revendedoras. Além disso, a estatal informou que autossuficiência na produção do combustível “resguarda o consumidor, em momentos de elevada volatilidade dos preços internacionais”, com a empresa ficando imune a eventuais colapsos no mercado internacional.
A Petrobras diz que sua parcela no preço final da gasolina vendida nos postos é de 30%. “Sobre os restantes 70% a Petrobras não tem qualquer ingerência. Considerando preços médios de R$ 2,70 por litro, o valor que a Petrobras recebe por litro vendido é de apenas 81 centavos. Portanto o preço final no varejo não depende exclusivamente da Companhia, mas envolve outros agentes”, disse.
refinaria
De acordo com a ANP, mensalmente, no Rio Grande do Norte há o consumo de 34 milhões de litros de Gasolina tipo “C” (com adição de 25% de álcool anidro), 34 milhões de litros de diesel, 9 milhões de litros de querosene de aviação e 16 milhões de litros de gás de cozinha. A Petrobras garante que a refinaria produz todos esses combustíveis em quantidades suficientes para atender a 100% da demanda interna e ainda exportar parte para os estados da Paraíba, Pernambuco e Ceará.
A Petrobras investiu US$ 215 milhões nas obras de ampliação da unidade de refino, para elevar o processamento de petróleo em Guamaré, de 26 mil para 35 mil barris por dia. A produção de diesel foi ampliada de 36 mil para 47 mil metros cúbicos por mês, enquanto a de querosene de aviação foi ampliada de 6,7 mil metros cúbicos para 10 mil metros cúbicos a cada mês. Já a produção de gasolina é de 22 mil metros cúbicos por mês.
A empresa disse que as licenças para construção das obras de ampliação foram concedidas pelo Idema, restando apenas a autorização do Ibama, referente à instalação do duto submarino e novo quadro de bóias, que será instalado a 22 km da costa e irá operar a partir de setembro deste ano. Entretanto, a empresa não explicou para que são utilizados tais equipamentos, nem deu detalhes sobre pedidos de licenças, publicados em jornais do estado, ao longo das últimas semanas.
* Tribuna do Norte
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