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sábado, 8 de janeiro de 2011

RN: um Estado dominado por mulheres
A eleição e posse da desembargadora, Judite Monte de Miranda Nunes, para a presidência do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN), em cerimônia realizada na sexta-feira, 7, em Natal, representa mais um momento histórico para a democracia e o feminismo no Rio Grande do Norte. Não só porque é a primeira vez que o Judiciário do Estado é comandado por uma mulher, mas porque é a primeira vez que os três poderes norte-rio-grandenses são entregues às mulheres, também com a eleição de Rosalba Ciarlini para o governo do Estado e, mais recentemente, da deputada Márcia Maia para a presidência da Assembleia Legislativa.
E não para por aí. Fazendo um levantamento quantitativo, talvez se possa afirmar que o Rio Grande do Norte seja o estado mais feminino da federação. Além dos três poderes, a capital, Natal e a segunda maior cidade em população, Mossoró, também são governadas por mulheres: Micarla de Souza e Fafá Rosado, respectivamente.
A eleição da professora Ângela Paiva, como a primeira mulher reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), também marca esse período de ascensão do gênero feminino em cargos importantes. Da UFRN também saiu à secretária estadual de Educação, Betânia Ramalho, para o atual governo.
A vitória da presidente Dilma Rousseff, que obteve 59% dos votos válidos entre os potiguares, consolida a marca de estado mais feminino da federação.
CENSO 2010
O Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado no ano passado, mostrou que o Rio Grande do Norte é um estado de mulheres. 51,12% da população pesquisada são mulheres. O número de mulheres é superior ao de homens em praticamente todos os municípios, sobretudo nos mais populosos. Os dados nacionais são bem parecidos. Em todo o país, que tem 51,04% de mulheres, apenas na região Norte, o número de homens é superior, inclusive em todos os estados pesquisados.
ARTISTAS
No cenário nacional, as mulheres norte-rio-grandenses também têm maior destaque, principalmente na música. Segundo a produtora cultural, Toinha Lopes, pelo menos oito cantoras roubam a cena: Valéria Oliveira, que tem se apresentado muito no Sudeste, tendo ido recentemente fazer apresentações no Japão; Christal, a rainha brasileira do Coco, música cultural do Rio Grande do Norte que volta a tocar nas rádios; Roberta Sá, considerada uma das novas divas da música brasileira, sendo indicada para o Prêmio da Música Brasileira 2010 como melhor cantora, ao lado de Maria Bethânia e Nana Caymmi, tendo conquistado ainda o Prêmio Paulista de Críticos de Arte (PPCA) e o Disco de Ouro em 2007; além do grupo Rosa de Pedra; Marina Elali; Thabata; Isabela Taziane e Lis Rosa.
Na televisão, o destaque é para a atriz Paola Oliveira, que embora tenha nascido em São Paulo, seus pais são de São Miguel, no Alto Oeste.
HISTÓRIA
A primeira mulher a votar no Brasil também foi do Rio Grande do Norte. Em 1928, Celina Guimarães Viana, professora, juíza de futebol, mulher atuante em Mossoró, foi a primeira eleitora inscrita no Brasil. Após tirar seu título eleitoral, um grande movimento nacional levou mulheres de diversas cidades do Rio Grande do Norte e outros nove estados da Federação a fazerem a mesma coisa.
Com a mulher eleitora, vieram outras conquistas de espaço na sociedade, a principal delas foi a eleição e vitória de Alzira Soriano, que disputou em 1928, aos 32 anos, as eleições para prefeito de Lajes, pelo Partido Republicano, vencendo o referido pleito com 60% dos votos. Ao tomar posse em 1° de janeiro de 1929, Alzira Soriano tornou-se a primeira prefeita eleita no Brasil e na América Latina.
Setores questionam participação da mulher
Embora o momento histórico chame atenção dos potiguares, há muitas dúvidas se o cenário atual é realmente favorável à mulher. Para a doutora em Sociologia e professora de Serviço Social da UERN Telma Gurgel, sobre o ponto de vista de representatividade, do sexo em si, sim, houve avanço, porém, sob o ponto de vista político, não se confirmou as melhorias tão esperadas. "Isso depende muito do ponto de vista de cada uma dessas mulheres, que dependem do contexto em que estão inseridas. Por isso, o que vemos são poucos avanços nas políticas para as mulheres", criticou.
De acordo com Telma, essas mulheres se encaixam no mundo da política a partir da falência dos nomes masculinos. "O ponto positivo da atual circunstância dessas mulheres advém de suas potencialidades no trato com a questão popular", completa.
PESQUISA
Um mapeamento realizado desde 2008 por Telma Gurgel em todas as cidades polos do Estado verificou que não existe nada de proposição relativa à política voltada para as mulheres. "Os programas em atividades hoje são exigências do governo federal. Não existe intencionalidade dos municípios de exercer uma política própria", disse Telma.
Segundo ela, municípios como Natal e Mossoró não têm nada neste sentido. "O próprio combate a violência da mulher não existe, é feito só pela Polícia. Isso indica que não é só o fato de ser mulher que vai haver melhorias", atacou.
FEMINISTAS
O Centro Feminista 8 de Março (CF8) também comunga do mesmo pensamento da professora Telma Gurgel. Para Adriana Vieira, as mulheres têm muito mais espaço devido ao avanço histórico conquistado pela luta, mesmo assim ainda são poucas as mulheres que estão na política. "Os partidos têm dificuldade de alcançar a cota dos 30% e, muitas vezes, as mulheres se candidatam com esse único propósito".
Para ela, não basta apenas ser mulher, é preciso ser uma mulher de luta. "Nós sabemos que aqui no RN temos uma política muito oligárquica, não tem muito a ver com as mulheres no poder, mas com uma política cultural", acrescentou.
Segundo Adriana, as mulheres, onde estejam, têm de representar a classe trabalhadora, propondo políticas públicas que pensem no fim da violência contra as mulheres e que mude a cidade, o estado e o país, para só então mudar a vida das mulheres.
ROSALBA
Telma disse esperar que o governo Rosalba atenda as reivindicações, principalmente com relação ao combate à violência. "Esperamos melhorias no atendimento da delegacia da mulher de Mossoró, assim como no efetivo, já que hoje temos apenas uma única delegada para fazer tudo, além de não haver agentes femininas e que isso faça ampliar sua cobertura, visto que atualmente o local só funciona até sexta-feira.
Ela disse ainda esperar que o governo melhore a articulação de toda a rede, que está muito precária e indique iniciativas de geração de renda, com iniciativas próprias.
Fonte: Jornal de Fato

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