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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Estradas do RN estão precárias

A Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgou ontem o 15º levantamento que aponta a situação da malha viária do Brasil. No Rio Grande do Norte, foram analisados 1.762 quilômetros de rodovias federais e estaduais e constatou-se que 68,2% desses estão em situação regular, ruim ou péssima. A situação é mais grave nas rodovias sob responsabilidade do Governo do Estado. A entidade sindical aponta ainda que o Poder Executivo precisa de quase R$ 500 milhões para recuperar e restaurar os trechos problemáticos. A verba, segundo Demétrio Paulo Torres, diretor geral do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), não existe.
Estudo aponta que 68,2 por cento das estradas do Rio Grande do Norte estão em situação regular, ruim ou péssima.
O estudo analisou quase que a totalidade das rodovias federais (BRs) que cortam o RN. Dos 1.500 quilômetros existentes, foram estudados 1.431. As visitas dos técnicos da CNT, Serviço Social do Transporte (Sest) e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat), aconteceram no período de 27 de junho a 4 de agosto deste ano e foram analisados aspectos como pavimentação, sinalização e geometria das estradas. Também foram observados 331 quilômetros de rodovias estaduais (RNs). O estudo concluiu que as piores estradas do Estado são as RNs 079, 233 e 110.
A TRIBUNA DO NORTE tentou entrar em contato, durante a tarde de ontem, com os técnicos do DER para comentarem o assunto. Através da assessoria de imprensa, fomos informados que o diretor geral do órgão não poderia atender a equipe de reportagem e o engenheiro responsável pelo setor de obras estava doente. Porém, em matéria publicada na edição do último dia 18 de outubro, Demétrio Torres afirmou que não há projeto de reconstrução das estradas para este ano "devido a absoluta falta de recursos para reconstruir".
Enquanto não há recursos suficientes, o Governo insiste numa solução paliativa: a operação tapa-buracos. O próprio diretor reconhece a ineficiência da manobra. "O tapa-buraco não é a solução. A solução é a reconstrução, mas não há recurso". A expectativa é de que, no próximo ano, parte do empréstimo contraído pelo Governo junto ao Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), no valor de R$ 540 milhões, aprovado pela Assembleia Legislativa, além de emendas parlamentares, sejam usados nas construções.
A reportagem também tentou ouvir o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) no RN, porém, não obteve sucesso junto à assessoria de comunicação. A CNT estima que, no Estado, em relação às vias, são necessários R$ 2,45 milhões para reconstruir os trechos considerados péssimos. Para restaurar os trechos com trincas, buracos, ondulações e afundamentos, são precisos R$ 79,88 milhões. Para fazer a manutenção nos trechos desgastados, seriam necessários mais R$ 416 milhões.

REGIÕES


O Sudeste mais uma vez lidera o ranking entre as regiões com a melhor avaliação do CNT. Lá, do total de 26.778 quilômetros avaliados, 24,6% são classificados como ótimo; 30,7% como bom; 28,2%, regular; 13,2%, ruim e 3,3%, péssimo. O Sul aparece em segundo lugar. Os técnicos avaliaram 16.199 quilômetros na região e constataram que 19,7% das estradas estão em ótimo estado. No Nordeste, os técnicos estudaram 25.820 quilômetros e classificaram 3,8% das estradas como ótimas.
14.151 quilômetros da região Centro-Oeste foram analisadas e 6,4% estão em ótimas condições. Na lanterninha do ranking, está a região Norte. Foram analisados 9.799 quilômetros e apenas 0,8% das estradas receberam avaliação positiva.

Projetos para construção de novas RNs estão parados

O problema nas estradas potiguares não se limitam a falta de verbas para restaurações. Faltando pouco mais de dois meses para finalizar o ano, projetos considerados fundamentais para melhorar a mobilidade urbana do Rio Grande do Norte avançaram pouco este ano. O Programa de Construção de Rodovias, autorizado no início do ano passado, para construção de 400 quilômetros de novas pistas, esbarrou na falta de recursos.
Embora licitadas, obras que somam cerca de R$ 470 milhões não tiveram orçamento assegurado. Do conjunto de treze projetos contratados para construção de novas vias este ano, somente três estão em execução. O atraso, segundo Demétrio Torres, se deu pela falta de recursos e falhas nos projetos, que passaram por reformulação. "As obras totalizavam R$ 470 milhões licitados e somente R$ 84 milhões assegurados, que estão sendo liberados agora após a prestação de contas. A situação nos levou a eleger prioridades entre as obras", disse Torres.

COPA

O critério na seleção de quais seriam os primeiros a sair do papel, explica o diretor do DER, foram os projetos relacionados a Copa do Mundo de 2014: a Via Metropolitana, trecho do prolongamento da avenida Omar O'Grady/Prudente de Moraes, o acesso ao Aeroporto São Gonçalo do Amarante e a ampliação da avenida Engenheiro Roberto Freire.
Com a modificação do projeto inicial para inclusão de dois túneis na Via metropolitana - que viabiliza o acesso aos moradores do Cidade Satélite - a obra saltou de R$ 27 milhões para R$ 60 milhões. Os recursos, entretanto, foram assegurados dentro no PAC da Copa, com contrapartida de R$ 11,5 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) - referente aos dois túneis.

Plano de logística e transporte está parado

De acordo com o diretor-executivo do CNT, Bruno Batista, 60% da carga transportada no Brasil passa pelas rodovias. As transportadoras somaram, somente ano passado, R$ 14,1 bilhões de prejuízo causado pelas más condições nas vias. O valor corresponde a 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. No Rio Grande do Norte, não há um estudo específico que aponte quanto se perde com o transporte de cargas nas estradas, porém, de acordo com a presidente do Sociedade Brasileira de Logística (SBL), Carla Mota, o prejuízo é sentido especialmente no setor de fruticultura. "Perde-se muito com o transporte de frutas feitos de Mossoró, por exemplo, até o Porto de Natal", explicou.
Os buracos nas estradas e má sinalização são responsáveis também pelo atraso na entrega de cargas. "O veículo acaba demorando mais para chegar ao destino final. Isso afeta a qualidade do produto bem como dificulta o fechamento de novos negócios", avaliou. Para a especialista em logística, parte dos problemas poderiam ser resolvidos caso o Governo do Estado tivesse concluído o Plano Estadual de Logística e Transporte que foi iniciado na administração passada. "Não sei como está esse estudo, mas sei que não houve uma conclusão", disse.
"A falta de infraestrutura adequada diminui a competitividade do país. O Brasil precisa manter uma tradição de investimento, que é o que o governo não tem conseguido fazer. Isso faz com que as melhores rodovias do Brasil, com menores índices de acidentes, sejam as concedidas", explicou Batista durante entrevista coletiva na manhã de ontem, em Brasília.
Ano passado, em todo país, circulavam 64,8 milhões de veículos (incluindo os pesados e leves). Entre 2008 e 2010, houve um acréscimo de 10,3 milhões de veículos. Porém, foram criados 656,9 quilômetros de rodovias federais pavimentadas no mesmo período. O estudo da CNT aponta uma disparidade entre as rodovias públicas e as sob gestão de concessão (privatizadas). Naquelas, a soma dos resultados ótimos e bons do estado geral chegou a 33,8%. Nestas, o percentual saltou para 86,9%.
* Tribuna do Norte

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