No RN, Agrotóxico contamina 25 por cento dos alimentos
Isaac Lira - Repórter
Um relatório da Anvisa, divulgado na última semana, mostrou que 25% dos legumes, frutas e verduras comercializados no Rio Grande do Norte estão contaminados com agrotóxicos. A pesquisa, realizada em todo o país, coletou no Estado seis amostras de 18 itens e verificou a quantidade de resíduos de agrotóxicos e o tipo de substância utilizada. A média potiguar está mais bem posicionada que a média nacional, que ficou em 27% de alimentos irregulares. Pimentão, Morango, Cenoura e Abacaxi são os campeões de resíduos irregulares no Rio Grande do Norte.
Alex Régis
Isaac Lira - Repórter
Um relatório da Anvisa, divulgado na última semana, mostrou que 25% dos legumes, frutas e verduras comercializados no Rio Grande do Norte estão contaminados com agrotóxicos. A pesquisa, realizada em todo o país, coletou no Estado seis amostras de 18 itens e verificou a quantidade de resíduos de agrotóxicos e o tipo de substância utilizada. A média potiguar está mais bem posicionada que a média nacional, que ficou em 27% de alimentos irregulares. Pimentão, Morango, Cenoura e Abacaxi são os campeões de resíduos irregulares no Rio Grande do Norte.
Alex Régis
A maior área produtora de hortaliças da Grande Natal é a região de Gramorezinho, entre Natal e Extremoz, onde os produtores garantem que só usam agrotóxico com orientação técnica
De acordo com a metodologia utilizada pela Anvisa, são irregulares os alimentos que contenham níveis de resíduo maiores que o permitido ou que tenham substâncias proibidas. Segundo o Instituto de Defesa e Inspeção Agropecuária do RN (Idiarn), responsável pela fiscalização dos produtores e comerciantes de frutas, verduras e legumes, outra irregularidade comum é a utilização de um agrotóxico indicado para um tipo específico de cultura em outro vegetal. Esse uso também é proibido. "As grandes empresas costumam ter um controle mais rígido, equanto os pequenos ainda penam por conta da falta de assistência técnica", explica Gilson Marcone, agrônomo do Idiarn.
Os dados do RN trazem itens em situação mais confortável que o do restante do país e também itens em situação mais preocupante. O abacaxi e a cenoura potiguares, por exemplo, tiveram 66% das amostras irregulares. A média nacional dos dois produtos é respectivamente 32,8% e 49,6%. Já o alface do RN tem uma qualidade bastante superior ao do restante do país. Não houve nenhuma amostra irregular nas estatísticas potiguares, enquanto que o Brasil possui 54,2% de sua produção com resíduos irregulares de agrotóxicos.
Gilson Marcone, agrônomo do Idiarn, explica que a fiscalização é realizada, nos locais produtores de hortaliças e nos comércios, a partir de denúncias. "Nossa fiscalização de campo ainda é falha", admite. Já nos revendedores dos agrotóxicos esse acompanhamento é mais detalhado. Há 18 revendedores autorizados, principalmente em Natal e Mossoró. O Idiarn mapeou a procedência dos alimentos contaminados do Estado e afirma que a maioria vem de Pernambuco. "Os produtores não são plantam como também fazem o trabalho de atravessadores. A maioria vem de Pernambuco, que tem índices maiores de contaminação", explica.
Na Região Metropolitana de Natal, um dos locais onde há mais produção de verduras e legumes é o "Gramorezinho", região localizada na divisa entre Natal e Extremoz. Lá se produz alface, pimentão, cebolinha, coentro, tomate, entre outros. A última denúncia recebida pelo Idiarn acerca de uso de agrotóxicos fora da especificação da Anvisa envolveu produtores da região. A reportagem da TRIBUNA DO NORTE falou com alguns deles, que garantem estar produzindo dentro do padrão exigido.
"Todo mundo usa agrotóxico, porque é necessário. Aqui só utilizamos com assistência técnica, quando realmente é preciso", diz Francisco do Nascimento, produtor da região. Segundo ele, não há excesso ou utilização de produtos irregulares em sua propriedade.
Uma pesquisa da UFRN, publicada em 2009, mostrou que no Gramorezinho cerca de 67% dos produtores usam agrotóxicos em seus produtos. Os mais utilizados são o Tamaron BR (73,3%) e o Decis 25EC (33,3%). A utilização dessas substâncias é algo tradicional entre os produtores, que preferem o produto químico por ser mais eficiente a curto prazo.
Um dos problemas citados por Gilson Marcone é o uso em culturas não indicadas. Exemplo: o agrotóxico deve ser usado no alface, mas o produtor acaba usando também no pimentão. "O estudo que possibilita esse uso não foi feito com o pimentão, no exemplo citado, e por isso pode haver níveis de resíduo diferentes", explica. E complementa: "Há formas seguras de usar agrotóxico, mas nem sempre são seguidas".
* Tribuna do Norte
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